A reportagem flagrou a venda irregular de óculos de grau no comércio de Sorocaba (SP). Algumas óticas da cidade oferecem a ‘venda casada’, que além de vender o produto, indica o atendimento com um profissional que, muitas vezes, não é um médico e sim um técnico, sem habilitação para este tipo de serviço.
Na fachada de uma ótica, no bairro Cidade Jardim, uma faixa anuncia a marcação de consultas. Com uma câmera escondida, uma pessoa da equipe da nossa reportagem entrou no estabelecimento para marcar um horário para ser atendida.
Enquanto a equipe aguardava o atendimento na ótica, um planfleto no local chamou a atenção. Ele indicava que a loja oferecia o exame com um profissional, com rapidez e baixo custo. De acordo com a atendente da loja, o profissional que faz o exame não é oftalmologista.
“É optometrista. Ele só vê se precisa de grau mesmo, se tiver alguma catarata, alguma doença no olho. Então, ele encaminha para o oftalmologista. Ele é somente para óculos de grau mesmo”, explica a funcionária da ótica.
A consulta é feita nos fundos da ótica na cidade de Sorocaba, em uma sala improvisada. Não é cobrado nenhum tipo de taxa pelo atendimento se a pessoa fizer o óculos na ótica. Por outro lado, se o paciente não for fazer o óculos no local, o valor de R$ 40 é cobrado pela consulta.
Em outra ótica, um optometrista registrado no Conselho Regional de Optica e Optometria é quem recebe a reportagem. Com a câmera escondida, a equipe registra a consulta e o diagnóstico do técnico: “um pouquinho de miopia”, diz o profissional. Em seguida, ele entrega a receita.
No bairro do Éden, acontece a mesma coisa. O consultório fica em cima de uma ótica. A consulta é com outro optometrista. Em nenhum momento o profissional se identifica para a equipe sobre a sua especialidade. A secretária é quem esclarece que o homem é optometrista.
O oculista e o optometrista são técnicos e não podem receitar óculos para pacientes, de acordo com a lei. A atribuição é do oftalmologista, médico que estudou durante anos para exercer a profissão.
A função do optometrista é reconhecida pelo Ministério do Trabalho, mas não é regulamentada. O técnico desta área seria responsável por fazer lentes de contato e montar óculos que sejam prescritos pelo médico. O profissional também pode gerenciar óticas e se responsabilizar por laboratórios.
No Conselho Regional de Medicina, a punição ao profissional vai de advertência até a perda do direito de exercer a medicina. O conselheiro diz que o órgão vai investigar o caso, principalmente, porque a avaliação feita apenas pelo optometrista pode esconder problemas mais graves sobre a saúde do paciente.
Fonte: G1