Uma aluna do 6° ano da Escola Estadual Professora Dulce Esmeralda Basile Ferreira, na cidade Sorocaba, foi impedida de entrar na sala de aula na tarde desta terça-feira (20). A diretora teria dito, segundo a mãe da garota, que a bermuda da estudante estava muito curta e em desacordo com as normas da instituição.
Diante da resistência da direção, a mãe, que é diarista, explicou que a garota tem alergia a alimentos ácidos e que consumiu suco de laranja recentemente, o que ocasionou o surgimento de feridas na parte de trás da coxa. Para não abafar as lesões e agravar ainda mais o caso, a criança não pode usar roupas que cubram a região. “Ela não tem a menor condição de colocar uma calça, as feridas estão muito feias, com pus. Há 15 dias, fui com ela ao médico e ele receitou uma pomada, mas não está melhorando. É preciso ventilar a perna”, afirma a mãe.
De acordo com a diarista, porém, a diretora não aceitou a justificativa e, após deixar a aluna esperando por quase duas horas no pátio, pediu que ela voltasse para casa. “Ela disse que entendia a situação, mas que, por uma norma da escola, não poderia permitir que minha filha entrasse na sala de aula”, relata.
A mãe afirma que a bermuda fica, no máximo, quatro dedos acima do joelho e acusa a diretora de discriminação: “Ela é evangélica e não usa roupas curtas. Tenho certeza que é por isso que ela não quis permitir que minha filha ficasse na escola”, diz. Indignada, a diarista procurou a delegacia de polícia, mas, inicialmente, o delegado de plantão entendeu que não havia crime e orientou a mãe a procurar a delegacia de ensino.
Nesta quarta-feira (21), porém, a mulher recebeu uma ligação para que retornasse à delegacia no período da noite. Por telefone, o G1 conversou com o delegado José Antônio Belotti, que adiantou o assunto a ser tratado. “Recebemos outras informações sobre o caso e pedimos que a mãe voltasse para confirmá-las. Precisamos saber de todas as circunstâncias para verificar se existem condições de abrir um B.O. É uma situação complexa e precisa ser analisada com muito critério”, explica.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Educação informou que vai investigar o caso e tomar as providências cabíveis. Os professores serão orientados a recapitular com a aluna o conteúdo que foi discutido em sala de aula na terça-feira, dia em que ela foi proibida de entrar. O órgão declarou, ainda, que o uso de uniforme não é obrigatório nas escolas estaduais e que o estudante não pode ser impedido de participar das atividades escolares ou ser exposto a qualquer situação vexatória por ausência de roupa padronizada.
Fonte: G1