A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba (SP) apresentou nesta terça-feira (4) o jovem apontado como líder de uma quadrilha que incendiou um ônibus no último dia 23, no Parque Vitória Régia. Pablo Henrique Dias Gomes, de 19 anos, foi identificado pela câmera de segurança do veículo, que teve oito poltronas destruídas pelo fogo. Ele se apresentou à polícia na tarde desta segunda-feira (3), após negociação entre família, defesa e polícia.
O delegado da DIG de Sorocaba, Acácio Aparecido Leite, contou que, desde sexta-feira (30), quando a prisão preventiva foi decretada, Pablo estava desaparecido. A partir daí, foi necessária uma negociação para que ele se entregasse. “Houve uma relação de confiança entre as partes, já que era interessante para a integridade de Pablo que ele fosse preso. Enquanto ele estivesse em liberdade, teria a polícia e a comunidade de Sorocaba ativamente à sua procura”.
Ainda de acordo com o delegado, o suspeito foi ouvido e confessou o crime. O jovem disse à polícia que o crime foi motivado por uma discussão que teve com um motorista. “Ele relatou que usava drogas no ponto de ônibus, na companhia de amigos. Cansado da situação, um motorista teria repreendido os jovens. Revoltados, eles foram até o posto de combustíveis mais próximo, compraram etanol e atearam fogo no próximo ônibus que passou pelo ponto”, conta Acácio.
Pablo nega o envolvimento com facções criminosas, assim como a autoria dos outros ataques na região. “O ataque do Vitória Régia fui eu, sim. Os outros, não”, alega o suspeito. Pablo não tinha passagem pela polícia após completar a maioridade. Ele esteve na Fundação Casa enquanto adolescente, o que levava a polícia a acreditar que ele tivesse envolvimento com facções da capital. “Ele nega, mas nós não descartamos a hipótese. Vamos continuar investigando”, disse o delegado.
Caso especial
De acordo com Acácio, normalmente é concedida, em um primeiro momento, a prisão temporária, e só após o término do inquérito, a preventiva. Neste caso, a polícia fez o pedido para que a Justiça decretasse a prisão em caráter preventivo já no início das investigações. “É um caso de repercussão e de agressão à ordem pública. Com a prisão preventiva, temos uma margem para trabalhar de forma tranquila”.
Pablo será encaminado para o Centro de Detenção Provisória de Sorocaba, onde permanecerá até a instrução do processo.
Entenda os ataques na região
Quatro ataques já foram registrados na região – três na cidade de Sorocaba e um em cidade de Votorantim. O primeiro foi registrado no dia 23 de novembro. Cinco criminosos atacaram um ônibus que atendia a linha do bairro Vitória Régia. O veículo estava parado no ponto final, na rua Vitor Cardoso. Os suspeitos jogaram combustível no ônibus e atearam fogo. O incêndio se restringiu a oito poltronas, localizadas no meio e no fundo do veículo.
Na noite do dia 25, outro ônibus foi incendiado na avenida Itavuvu, uma das mais movimentadas da cidade, por três homens que renderam o motorista. O veículo ficou totalmente destruído pelas chamas.
O maior ataque foi registrado no dia 26. Seis ônibus foram incendiados dentro da garagem da TCS (Transportes Coletivos Sorocaba) na Avenida Ipanema, zona norte da cidade. Dos seis veículos, quatro foram totalmente queimados. Outros dois tiveram estragos parciais. Os ônibus faziam parte da massa falida da empresa cujo patrimônio, em leilão, pode ajudar no pagamento de cerca de mil funcionários que estão com as verbas rescisórias paradas.
O último ônibus foi queimado e totalmente destruído após um ataque de criminosos no bairro São Lucas, em Votorantim, por volta das 23h da última quarta-feira (28). Segundo a polícia, um homem pediu para que o ônibus parasse e, assim que a porta abriu, outro homem, armado, entrou, rendeu o motorista e o obrigou a deixar dois outros criminosos entrarem com um líquido inflamável. Ao descer, o motorista ainda foi agredido com uma coronhada.
Fonte: G1